O ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, que faleceu nesta terça-feira (13) aos 89 anos, deixou uma lembrança marcante para a cidade de Franca (SP). Em 2016, logo após deixar o comando do Uruguai (2010–2015), Mujica esteve na cidade para participar de uma palestra promovida pela Faculdade de Relações Internacionais da Unesp, onde falou para um público de cerca de 2.500 pessoas em um auditório completamente lotado.
Durante o evento, Mujica foi direto ao abordar temas delicados da política latino-americana, como as crises econômicas e políticas da Venezuela e do Brasil. Fiel à sua trajetória de simplicidade e honestidade política, o ex-presidente criticou as ditaduras e ressaltou a importância de trabalhar pelo povo e não pelos governos de ocasião.
“Se há uma ditadura, azar, porque os governos passam e os povos ficam. Há que se trabalhar para o povo, não para o governo”, afirmou Mujica, arrancando aplausos do público presente.
Com um discurso voltado à integração regional, o uruguaio defendeu que a América Latina precisa construir uma massa econômica e intelectual crítica, fortalecendo a cooperação entre universidades e promovendo a produção de conhecimento próprio.
“Se cometermos o erro de não formar uma massa econômica crítica importante, se não juntarmos a inteligência de nossos jovens de nossas universidades, um sistema comum de pesquisa para sermos donos do conhecimento, nunca vamos conseguir alcançar a distância a que o mundo central nos leva", declarou, alertando para a dependência das nações latino-americanas em relação aos países mais desenvolvidos.
Conhecido por seu estilo de vida humilde, sua coerência política e seu compromisso com os valores democráticos, Pepe Mujica deixa um legado admirado não apenas no Uruguai, mas em toda a América Latina — e em Franca, sua passagem seguirá viva na memória de quem o ouviu.