A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se manifestou publicamente nesta quinta-feira (15) após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, com perda de mandato. Em declaração à Rádio Itatiaia, Zambelli afirmou que, segundo seus médicos, não resistiria a uma eventual prisão. “Estou pegando vários relatórios dos meus médicos, e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia”, declarou.
A condenação, determinada pela Primeira Turma do STF, foi unânime: cinco votos a zero. Zambelli foi considerada culpada por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. O relator, ministro Alexandre de Moraes, foi acompanhado pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Apesar da sentença, a deputada ainda pode recorrer, e as penalidades só serão aplicadas após o trânsito em julgado. Zambelli nega todas as acusações e sustenta que está sendo alvo de perseguição política. Ela classificou como "burrice" a ideia de colocar seu mandato em risco por "uma brincadeira sem graça", em referência à suposta invasão ao sistema do CNJ, realizada com a ajuda do hacker Walter Delgatti Neto.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, Delgatti recebeu R$ 13,5 mil de pessoas ligadas a Zambelli, o que poderia indicar pagamento por serviços relacionados à ação criminosa. O hacker, por sua vez, já mudou diversas vezes sua versão dos fatos, o que foi criticado por Zambelli. “A própria Polícia Federal o nomeia como mitômano”, afirmou, tentando descredibilizar o principal delator do caso.
Zambelli também buscou isentar o ex-presidente Jair Bolsonaro de qualquer envolvimento, alegando não ter mais contato com ele desde a condenação. “Não me sinto abandonada, porque não esperava ser acolhida. Na minha situação, não esperava ser acolhida”, disse.
A parlamentar já havia sido condenada anteriormente pelo STF a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, em caso que ainda aguarda decisão final. Além disso, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou seu mandato por disseminação de desinformação nas eleições de 2022, embora essa decisão ainda esteja em fase de recursos.
O caso reacende tensões entre o Congresso Nacional e o STF, em meio a discussões sobre o processo envolvendo outro parlamentar bolsonarista, Alexandre Ramagem (PL-RJ), acusado de participação em uma tentativa de golpe. A condenação de Zambelli pode influenciar os rumos dessa disputa institucional.