Durante sua recente viagem à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou esclarecer um episódio que ganhou repercussão internacional e criou certo desconforto diplomático. Reportagens apontaram que a primeira-dama Janja da Silva teria feito críticas ao TikTok — plataforma controlada pela empresa chinesa ByteDance — sugerindo que ela dá maior visibilidade a conteúdos ligados à extrema-direita. A fala teria causado um "climão" na reunião com o presidente chinês, Xi Jinping.
Em coletiva de imprensa no dia 14 de maio, Lula falou com tom irritado sobre o caso e foi enfático ao afirmar que foi dele a pergunta feita durante o encontro com Xi, e não de Janja. Segundo o presidente, a conversa aconteceu em um jantar privado, com a presença apenas de ministros brasileiros e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
“Estavam só os meus ministros lá, o Alcolumbre […] Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que teve em um jantar, que era uma coisa muito, muito confidencial e muito pessoal. Eu que fiz a pergunta, não foi a Janja”, disse Lula, visivelmente incomodado com o vazamento.
Apesar disso, ele confirmou que a primeira-dama pediu a palavra durante a reunião, o que para ele não representa nenhum problema. Pelo contrário, Lula saiu em defesa de Janja:
“A pergunta foi minha, e eu não me senti incomodado. O fato da minha mulher ter pedido a palavra é porque a minha mulher não é cidadã de 2ª classe. Ela entende mais de rede digital do que eu”, afirmou.
A polêmica tomou corpo justamente por envolver temas sensíveis como a liberdade de expressão nas plataformas digitais e o papel de empresas de tecnologia na difusão de discursos políticos. O TikTok, que vem sendo alvo de críticas em diversos países, voltou ao centro do debate após o episódio.
Lula esteve em visita oficial à Rússia e à China entre os dias 6 e 15 de maio. A viagem teve como objetivo fortalecer parcerias econômicas e diplomáticas, mas o incidente acabou desviando parte da atenção para os bastidores da reunião com o governo chinês.