A Aliança Democrática (AD), coalizão de centro-direita formada por PSD e CDS-PP e liderada por Luís Montenegro, venceu as eleições legislativas em Portugal neste domingo (18), com 86 cadeiras conquistadas na Assembleia da República. O resultado representa uma vitória apertada: mesmo com o crescimento, a AD não atinge a maioria absoluta, o que indica que Montenegro deverá governar em minoria e negociar com outros partidos para aprovar projetos e orçamentos.
Em segundo lugar, o cenário segue indefinido: Partido Socialista (PS) e o Chega, de direita radical, aparecem empatados com 58 cadeiras cada. O PS, liderado por Pedro Nuno Santos, perdeu 19 vagas em relação à última legislatura. Já o Chega, sob o comando de André Ventura, conquistou 10 novos assentos, consolidando sua ascensão no Parlamento.
A eleição foi marcada por uma campanha curta e intensa, dominada por três grandes temas:
a crise política em torno da empresa Spinumviva, ligada à família de Montenegro;
o agravamento da crise habitacional;
e o debate sobre imigração, que ganhou força com o crescimento do Chega e influenciou até partidos tradicionalmente mais moderados.
Ventura defendeu medidas rígidas contra a entrada de estrangeiros e, sob pressão, até o PS e a própria AD adotaram discursos mais duros. A promessa de expulsar imigrantes irregulares feita por Montenegro às vésperas da eleição foi classificada como “eleitoreira” pela oposição.
A tendência de enfraquecimento da esquerda, já visível desde 2022, foi confirmada nas urnas:
O Bloco de Esquerda, de Mariana Mortágua, ficou com apenas 1 cadeira (perdeu 4);
A CDU, coligação entre comunistas e ecologistas, conquistou 3 vagas (1 a menos);
O Livre, liderado por Rui Tavares, cresceu e terá 6 representantes (ganhou 2);
O PAN, com Inês Sousa Real, manteve sua única cadeira.
A Iniciativa Liberal (IL), de Rui Rocha, subiu de 8 para 9 deputados.
Portugal foi às urnas pela 3ª vez em pouco mais de 3 anos, após a queda do governo minoritário de Montenegro devido ao escândalo da Spinumviva.
Apesar do desgaste, a participação eleitoral cresceu: 64,38% dos eleitores foram às urnas, superando os 59,84% de 2024. A democracia portuguesa, conquistada em 1974 com a Revolução dos Cravos, segue forte — mesmo em meio à instabilidade política.
Com 230 cadeiras no Parlamento, a maioria absoluta exige 116 deputados. A AD, com seus 86, mesmo somando os 9 da Iniciativa Liberal, não alcança esse número. Uma aliança formal com o Chega é vista como improvável — e criticada por setores moderados.
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa deve, nos próximos dias, indicar Montenegro como primeiro-ministro, respeitando a tradição de nomear o líder da coligação mais votada. Mas o novo governo já começa sob tensão: será necessário negociar a cada votação, sob risco de nova instabilidade.