Em uma virada política histórica, o oposicionista Lee Jae-myung foi eleito presidente da Coreia do Sul nesta quarta-feira (4/6), marcando o fim de um período turbulento que abalou a democracia do país. A eleição aconteceu apenas seis meses após o fracasso da tentativa de decretação de lei marcial pelo ex-presidente Yoon Suk-yeol — medida que levou ao seu impeachment e o colocou sob investigação criminal por abuso de poder.
A vitória de Lee, aos 61 anos, representa não apenas um retorno à cena política após ter perdido a eleição anterior por uma margem estreita, mas também um grito da população por mudanças profundas. “Minha primeira prioridade será a recuperação da democracia sul-coreana”, afirmou o novo presidente eleito, em discurso após a confirmação do resultado.
O candidato do partido governista, Kim Moon-soo, aliado do ex-presidente Yoon, reconheceu a derrota e parabenizou Lee, após uma campanha marcada pela rejeição popular ao Partido do Poder do Povo (PPP), fortemente associado ao autoritarismo e à crise institucional recente.
Segundo analistas, o resultado das urnas reflete não tanto uma adesão massiva à agenda de Lee, mas sim uma rejeição contundente ao governo anterior. “Foi uma clara reprovação ao partido do governo, visto como cúmplice do decreto de lei marcial”, disse Park Sung-min, presidente da consultoria Min Consulting.
Desafios pela frente
Apesar da vitória expressiva, Lee enfrentará um país profundamente polarizado e traumatizado pela recente instabilidade política. Além disso, no cenário internacional, o presidente eleito terá que lidar com tensões comerciais com os Estados Unidos. Um dos principais desafios será renegociar termos comerciais com o governo americano de Donald Trump, que impôs tarifas sobre produtos sul-coreanos, afetando duramente a economia do país.
O momento é decisivo para a Coreia do Sul. Lee Jae-myung tem agora a missão de reerguer a confiança dos cidadãos em suas instituições democráticas — e conduzir o país em meio a um ambiente global desafiador.